sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A dicotomia Cultura X Entreterimento

...por enquanto, o que nós temos acesso, não credencia o jogo como cultura. O que tem hoje na praça, que a gente conhece (eu posso também não conhecer tanto!) não é cultura; é entretenimento, pode desenvolver raciocínio, pode deixar a criança quieta, pode trazer lazer para o adulto, mas cultura não é!
       Foi com esta frase que a Ministra da Cultura Marta Suplicy, respondeu ao questionamento do pesquisador e designer de games Frascisco Tupy , sobre a possibilidade do “Vale cultura” abranger também o mercado de games digitais nesta terça-feira(19/02/13) na Assembleia legislativa. Gostaria de saber qual o entendimento de “cultura” que a atual ministra possui, pois o Aurélio a caracteriza como “Conjunto das estruturas sociais, religiosas etc., das manifestações intelectuais, artísticas etc., que caracteriza uma sociedade...”(grifo nosso). 
              
       E nesta visão, não consigo entender como uma peça de teatro, um livro ou um filme, poderia ser considerado uma manifestação artística ou intelectual superior a um jogo, analisados de perto, todos os três possuem via de regra, um único objetivo, contar uma historia ao espectador. Com a diferença de que os jogos digitais possibilitam uma interação muito maior entre o espectador e a historia. Ambas as mídias, tem a capacidade(mas não a obrigação) de ensinar conceitos históricos, sociais e filosóficos. 

       Parece que a nossa querida ministra ainda está presa a época dos jogos de atari, onde o jogo em si não possuía um enredo ou um conceito artístico, sendo apenas uma repetição de movimentos e desafios, diversos dos jogos de hoje em dia que possuem enredos tão complexos quanto um filme(Red Dead Redemption, Heavy Rain, Xenoblade), discussões filosóficas tão interessantes como livros(Tales of Phantasia, Bioshock, The Walking Dead) e claro, uma visão artística como a de belas obras de artes clássicas(Braid, Bastion, Limbo). 

       Estamos em uma fase de transição entre os conceitos do século XX e os novos conceitos do século XXI, e a classificação de jogos como cultura e arte, é sim uma das marcas do novo século, afinal o cinema já foi excluído em sua criação do conceito de arte, sendo considerado um entretenimento de segunda categoria. Mas é necessário progredir e aceitar que na atualidade, jogos podem ser sim encaixados na categoria de cultura e arte.
Limbo nos leva a um universo sombrio onde um jovem garoto busca desesperadamente resgatar sua irmã. Possuindo um "plot twist" em seu encerramento simplesmente genial.

John Marston um criminoso aposentado está sendo chantageado pelo governo a caçar seus antigos comparsas em troca da segurança de sua família. Neste legitimo Western acompanhamos o desenvolvimento moral deste personagem que precisa fazer de tudo para manter sua família a salvo.
Braid possui um enredo duplo, onde Tim pode ser entendido como o heroi em busca da princesa ou um cruel cientista em busca de redenção, combinando de forma perfeita beleza, trilha sonora e desafios de raciocínio.

Entrando na onda de Zumbis, The Walking Dead: The game, se destaca pois o grande foco do jogo são as escolhas morais e não a mera sobrevivência, somos levados a tomar escolhas como matar uma criança possivelmente infectada ou correr o risco. Entre outros embates morais, Walking Dead mostrou que os adventure podem ter espaço no Sec. XXI

Em Bastion somos levados ao Reino de Caelondia que está sendo destruído por uma calamidade, o enredo inicialmente simples acaba se desenvolvendo uma luta de classes, onde imigrantes outrora escravizados lutam por seus direitos.